Matéria escrita na disciplina de extensão de integração acadêmica do Curso de Bacharelado em Ciências Biológicas: Microbiologia e Imunologia. Creditação da extensão no Instituto de Microbiologia.
Matéria escrita por Isabella Campelo, aluna do curso de graduação em Ciências Biológicas: Microbiologia e Imunologia.
O continente Antártico é conhecido por ser um ambiente extremo devido às suas temperaturas negativas, e isso faz com que seja um dos ecossistemas mais rigorosos da Terra. Poucos sabem, mas é cada vez mais frequente esses ambientes naturais serem afetados por situações como derramamento de combustíveis derivados do petróleo decorrentes de atividades humanas no local. Outras caraterísticas como radiação intensa, baixa disponibilidade de água e nutrientes, períodos longos de ausência de luz e ciclos onde ocorrem congelamento e degelo também contribuem para a excepcionalidade desse local. Na Antártica é possível encontrar diferentes habitats como vales secos, lagos subglaciais, geleiras, fumarolas marinhas e ambientes geotermais polares, que enriquecem e contribuem no aumento do interesse de estudo sobre a microbiologia presente e de seu potencial biotecnológico.
O termo “biotecnologia” foi utilizado pela primeira vez por um engenheiro húngaro chamado Karl Erkey, em 1919. De uma maneira geral, biotecnologia é qualquer técnica que utilize microrganismos, partes destes ou as substâncias produzidas por esses microrganismos para criar produtos que possam melhorar a vida humana e o meio ambiente. Essas técnicas consistem em juntar e aplicar os princípios tanto da Biologia quanto da Engenharia para ajudar no aperfeiçoamento de plantas e animais, por exemplo, e até o uso dos próprios microrganismos para fins específicos. Por isso, biotecnologia não é para ser entendida como o “que é produzido”, e sim, o tipo de tecnologia utilizada para que esses produtos possam ser feitos.
A biotecnologia é bem versátil, amplamente empregada na ciência e cotidiano, e seus avanços têm sido muito rápidos. Atrelado a isso, o aumento da consciência por parte da população tem tornado possível o aumento da utilização dessas ferramentas biológicas para diversos contextos de aplicação, como por exemplo, em recuperação e melhoramento de ambientes contaminados que sofreram algum derramamento de petróleo. Essa tecnologia acaba sendo uma alternativa para as indústrias químicas, uma vez que não agridem o meio ambiente.
Neste contexto a Antártica possui uma série de microrganismos extremofilos como bioprodutos com características diferenciadas tais como, enzimas que são ativas as baixas temperaturas, bactérias que sintetizam carotenoides diferenciados e outras moléculas como por exemplo surfactantes e oxidases importantes na biorremediação do petróleo.
Os estudos na Antártica sobre microrganismos que poderiam ser utilizados em processos de biorremediação para derramamentos de petróleo ainda são difíceis de serem realizados, uma vez que as características desse ambiente dificultam o acesso e a permanência no local. Porém é de extrema importância que trabalhos que tenham a finalidade de fornecer novas informações sobre os microrganismos presentes nesse continente e o seu potencial biotecnológico sejam realizados, uma vez que regiões polares são remotas, e a remediação de solos contaminados é considerada mais efetiva quando realizada no próprio local ou perto do local contaminado.
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