Por Davis Ferreira e Luciana B. de Arruda
Entre os dias 19-21 de Setembro aconteceu no Hotel Intercontinental no Rio de Janeiro o Seminário Internacional de Dengue, que faz parte da campanha Rio Contra Dengue 2011/2012.
Lá estiveram presentes autoridades representantes do Governo, estado e município, com mais de 50 Prefeitos de municípios do Rio de Janeiro. Foram discutidas as estratégias do Governo para minimizar os efeitos de uma possível epidemia que poderá chegar em breve ao estado, assim como enfatizar a necessidade do engajamento e responsabilidade dos Prefeitos nesta luta. O indício de uma grande epidemia no verão de 2012 se deve, principalmente, a alguns fatos intensamente discutidos. Em primeiro lugar, a circulação do sorotipo 1 da dengue, com grande parte da população mais jovem susceptível à infecção. Em segundo lugar, a detecção recente da circulação da dengue tipo 4 em Niterói, ao qual praticamente toda a população está suscetível, gerando grande preocupação, caso o sorotipo se alastre pelo estado. Em terceiro lugar, os altos índices de infestação do vetor Aedes aegypti circulando por todo o estado do Rio. Existe grande expectativa em relação ao desenvolvimento de uma vacina contra dengue, entretanto, apesar de alguns testes clínicos estarem em fases avançadas, os mais otimistas falam em cerca de 5 anos até a implantação de uma vacina eficaz. Além disso, no caso de uma vacina bem sucedida, discute-se as dificuldades para obtenção e produção suficiente para cobrir toda a população. Paralelamente, alguns grupos têm estudado o efeito de substâncias com potencial atividade antiviral, que parece ser outro caminho promissor na batalha contra essa infecção. Enquanto tudo isto não acontece, temos que focar em alguns aspectos principais. Primeiramente, não podemos ter o número de óbitos que temos no Brasil. O óbito por dengue deve ser raro, e temos que nos empenhar para isto. Para que isso aconteça, precisamos não apenas treinar o trabalhador da área da saúde, mas também dar condições físicas e de logística para que o atendimento de qualidade seja realizado. A dengue é uma doença traiçoeira, às vezes, mesmo quando o paciente se sente bem, com a baixa da febre, é quando a doença pode evoluir rapidamente para o óbito. Temos também que manter as campanhas na mídia. Um estudo mostrou que a maioria das pessoas culpa o quintal do vizinho pelo alto índice de mosquitos em sua casa. Isso mostra que muito ainda precisa ser mudado quanto à educação da população em relação ao combate à dengue. Alguns cuidados devem ser enfatizados quanto à prevenção de focos do vetor:
1. Manter a caixa d’água totalmente vedada e virar os baldes com a boca para baixo;
2. Remover folhas, galhos e tudo que possa acumular água nas calhas;
3. Galões, toneis, poços, tambores e barris de água para consumo devem ser totalmente vedados;
4. Guardar os pneus sem água e em lugares cobertos. Garrafas devem estar vazias e sempre com a boca para baixo;
5. Manter ralos limpos e com uma tela para não formar criadouros;
6. Verificar se as bandejas de ar-condicionado estão limpas e sem acúmulo de água. Bandejas de geladeira também podem se tornar criadouros para o mosquito;
7. Encher e verificar semanalmente vasos sanitários fora de uso ou de uso eventual;
8. Esticar bem as lonas usadas para cobrir objetos ou entulho para não formar poças d’água;
9. Limpar e tratar piscinas e fontes com produtos químicos específicos;
10. Plantas como bambu, bananeiras, bromélias, gravatás, babosa, espada-de-são-jorge e outras semelhantes também podem acumular água.
(Fonte: Ascom SES)
Nós, do Instituto de Microbiologia, estaremos nos empenhando e fazendo nossa parte, principalmente na área da educação de nossos alunos, no sentido de propagar o conhecimento e formar combatentes nesta guerra contra a dengue.
Essa semana haverá ainda, em Minas Gerais, o encontro do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Dengue (INCT DEN), do qual fazem parte professores e pesquisadores do IMPG, diretamente associados a outros grupos de pesquisa em dengue no país. Acreditamos assim que o esforço contínuo para o desenvolvimento de pesquisa básica na área, no intuito de caracterizar células-alvo da infeção, as alterações celulares e moleculares que ocorrem no hospedeiro, e como a resposta do hospedeiro participa no controle ou exacerbação da doença sejam essenciais para a descoberta de novos alvos terapêuticos e desenvolvimento de vacinas eficientes.
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