Matéria escrita na disciplina de extensão de integração acadêmica do Curso de Bacharelado em Ciências Biológicas: Microbiologia e Imunologia. Creditação da extensão no Instituto de Microbiologia.
Matéria escrita por Juliana Souza, aluna do curso de graduação em Ciências Biológicas: Microbiologia e Imunologia.
Quando somos submetidos à internação em hospitais desejamos apenas a cura de nossas enfermidades e, para isso, todos os procedimentos devem ser sempre realizados com a total segurança. Porém, quando as técnicas de limpeza e higienização do ambiente clínico não são devidamente executadas, corremos o risco de adquirir infecções dentro do hospital, e isso pode ocorrer durante todo o período da internação.
De acordo com a Portaria Nº 2616 de 1998 do Ministério da Saúde, infecção hospitalar é “aquela adquirida após a admissão do paciente e que se manifesta durante a internação ou após a alta, quando puder ser relacionada com a internação ou procedimentos hospitalares”. No entanto, o termo infecção hospitalar tem sido substituído por Infecção Relacionada à Assistência à Saúde (IRAS) para abranger também, além dos hospitais, as doenças adquiridas em ambulatórios, clínicas e cuidados médicos domiciliares.
Estas infecções são causadas por microrganismos, principalmente bactérias, e dependem de três fatores: a imunossupressão do paciente, o tipo de procedimento realizado no ambiente clínico e a capacidade do microrganismo de causar doença.
Os microrganismos em questão podem vir da própria microbiota dos pacientes, dos profissionais de saúde ou dos visitantes. Além disso, os alimentos, a água, o ar, as superfícies e os materiais hospitalares não higienizados ou esterilizados de forma adequada também são fontes de patógenos que podem vir a causar IRAS.
Alguns processos clínicos e hospitalares como o uso de cateteres, a aplicação direta de soluções e medicamentos na corrente sanguínea, a manipulação cirúrgica e o uso de sondas possibilitam a entrada de microrganismos no organismo dos pacientes. Além disso, profissionais que cuidam de diferentes pacientes aumentam a probabilidade dos patógenos serem transferidos de um indivíduo a outro.
A susceptibilidade do indivíduo a microorganismos está relacionada à fragilidade de seu sistema imune. Por esse motivo, pacientes idosos, recém-nascidos, transplantados e portadores de doenças imunológicas fazem parte do grupo de risco, ou seja, são os mais acometidos por este tipo de infecção. Nestes casos, a duração da internação também deve ser a menor possível, pois quanto menor o tempo no ambiente clínico, menores são as chances de adoecer por IRAS.
Outro fato importante é que o índice de internação de pacientes infectados por bactérias multirresistentes a antibióticos, conhecidas popularmente como superbactérias, tem aumentado bastante com o passar dos anos, exigindo dos hospitais o uso de drogas de última escolha para que a infecção seja combatida. Estes casos de difícil tratamento podem resultar inclusive no isolamento do indivíduo para que não haja o espalhamento da superbactéria pelo hospital e não cause infecções em outros pacientes. Ou seja, todo o cuidado para evitar IRAS é pouco diante das consequências e dos danos que isso pode gerar.
As doenças mais relatadas em casos de IRAS são:
• Infecções respiratórias: ligadas ao uso das sondas, à realização de endoscopias e aos procedimentos realizados no trato respiratório alto e baixo;
• Flebite (inflamação na parede das veias) e infecções sanguíneas: podem ser causadas pelo uso de cateteres e pela injeção de soluções e medicamentos intravenosos;
• Infecções urinárias: são causadas pelo uso de sondas;
• Infecções do sítio cirúrgico: causadas pela manipulação dos médicos e pelo uso de materiais contaminados. Podem ser mais graves dependendo da permanência pós-operatória do paciente no hospital.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), estas doenças devem ser reconhecidas como um problema de saúde pública devido à gravidade e à possibilidade de se tornarem surtos. Portanto, para minimizar o número de casos, os hospitais contam com uma Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) e um Programa de Controle de Infecções Hospitalares (PCIH), que detectam os casos, planejam ações de precaução e de isolamento de pacientes, orientam as prescrições de antibióticos e elaboram diretrizes para a redução dos riscos de adquirir a infecção, como o treinamento dos profissionais de saúde. Porém, a prevenção da IRAS não é responsabilidade apenas das clínicas, ambulatórios e hospitais: pacientes e visitantes podem colaborar fazendo a lavagem adequada das mãos e aplicando álcool 70% na sua forma líquida ou em gel. Além da higienização, todos os visitantes devem atender às medidas de precaução ao se aproximarem de pacientes com doenças transmissíveis, como o uso de máscaras, toucas e roupas específicas. Desta forma, os riscos são reduzidos e os casos de IRAS são controlados, tornando o dia a dia dos profissionais de saúde e dos pacientes menos preocupante.
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/1998/prt2616_12_05_1998.html
http://www.saude.pr.gov.br/arquivos/File/faq_infeccao_hospitalar_final.pdf
Infecção hospitalar
http://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/797459/flebite+conceito+causas+sintomas+diagnostico+tratamento+prevencao+e+complicacoes.htm
MADIGAN, T. Michael, et al. Microbiologia de Brock. 12.ed. Porto Alegre: Artmed, 2010.
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