A proteína Repo-Man que desempenha um papel importante no processo de divisão celular é também capaz de ligar e desligar os nossos genes. A cientista portuguesa Inês Castro é a primeira autora do artigo publicado esta semana na revista Nature Communications que descreve a ação deste novo “ator” genético. A descoberta pode ser importante para investigar situações de anomalia em certos genes associados a doenças como cancro.
Imagens por microscopia mostram o início da divisão celular e a sua fase final com o ADN (a azul) das células filhas já separado.
Imagine um daqueles interruptores que permitem a regulação da intensidade da luz. Neste cenário, a luz seria a proteína estudada nesta investigação. Assim, quando aumentamos a presença de Repo-Man desencadeamos uma série de eventos que reprimem os genes. Por outro lado, se apagarmos a luz os genes ficam ativos. A imagem é trazida pela investigadora Inês Castro que se encontra a trabalhar na Universidade Brunel, em Londres, e assina o artigo que mostra que a Repo-Man, além de importante para a divisão celular, interfere nos nossos genes.
“Não se sabia o que fazia a Repo-Man depois da divisão celular”, a investigação permitiu concluir que esta proteína “tem um papel fundamental em controlar estados de repressão celular”. “A presença da Repo-Man parece atrair uma cadeia de reação associada à repressão de genes – neste caso, temos mais metilação [alteração química] na histona [proteína] H3 (H3K27me)”.
A Repo-Man não é a única proteína identificada com esta capacidade de activar ou desligar genes. É mais um caminho para sabermos como os nossos genes são controlados. “Em situações de alteração de padrão genético, por exemplo, em casos de cancro onde há uma anormalidade de expressão [actividade] genética, podemos começar a tentar investigar quais são os culpados para tal anomalia”, diz a cientista, que antecipa ainda: “Quando um dia soubermos todas as proteínas que trabalham a este nível, podemos verificar num paciente qual ou quais delas poderão ter desencadeado este padrão anormal de expressão genética.” No entanto, avisa, ainda há muito trabalho pela frente.
As investigações que procuram encontrar novas formas de controlo de expressão genética, que vão além da informação contida no nosso ADN, ainda têm um longo caminho a percorrer. Mas as novas tecnologias de sequenciação genética têm ajudado a completar um mapa de proteínas e outros fatores capazes de ligar ou desligar genes. “Não faço ideia se algum dia este mapa estará completo”,
Fonte: PÚBLICO Comunicação Social SA
Dados atuais nos mostram que cerca de 3% a 5% da população em geral é afetada pelas doenças autoimunes, porém podemos observar que algumas populações são mais suscetíveis. Essa susceptibilidade está relacionada com o background genético, mas também está associado com fatores ambientais. Um fato interessante é que 80% dos casos reportados de doenças autoimunes são encontrados em mulheres em idade reprodutiva, mostrando também a importância dos hormônios.
Alguns órgãos e tecidos são mais frequentemente afetados, como por exemplo, glândulas endócrinas (tireoide e pâncreas), componentes do sangue (glóbulos vermelhos e plaquetas) e tecido conjuntivo. Mas, além disso, as doenças autoimunes podem ser sistêmicas, como o lúpus eritematoso sistêmico ou contra um órgão ou tecido específico, como a tireoidite de Hashimoto (glândula tireoide), que é uma inflamação na tireoide, levando ao hipertireoidismo e frequentemente seguida por hipotireoidismo. Os sintomas dessa tireoidite são os mesmos do hipotireoidismo: excesso de peso, pele fria e pálida, bócio e baixa tolerância ao frio. O tratamento dessa doença é feito com hormônio e o paciente deve voltar constantemente ao médico para realizar novos exames para controlar a doença.
Porém, os sinais e sintomas de doenças autoimunes podem ser facilmente confundidos com outras doenças, o que torna o diagnóstico mais difícil. O que é muito importante para diagnosticar essas doenças é uma análise minuciosa da história clinica do paciente, pois trata-se de uma condição que envolve muitos fatores e apenas levando todos eles em consideração um bom diagnóstico pode ser feito.
Nedai – Doenças Auto Imune
Tua Saúde – Tiroidite de Hashimoto
CORONEL-RESTREPO, N. et al. Autoimmune diseases and their relation with immunological, neurological and endocrinological axes. Autoimmunity Reviews, Cali, 16 (684-692), 2017.
GRAVINA, G. et al. Survivin in autoimmune diseases. Autoimmunity Reviews, Gothenburg, 2017.
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